terça-feira, 29 de julho de 2008

Lisboa em actos

É por isto que gosto tanto de Lisboa, a modernidade com a tradição andam de mãos dadas e não aos encontrões como seria de prever. Convivem lado a lado avanços modernos da tecnologia e locais pitorescos que aludem a uma essência já quase em vias de extinção nas grandes urbes.

Num destes dias numa das minhas incursões pelos locais típicos da cidade, lugares belíssimos mas de estacionamento muito difícil, tento parar o carro num parque subterrâneo, da sobejamente conhecida EMEL. Até aqui nada de muito original não fosse o facto do parque ter os portões fechados e nos presentear com a frase “clique no botão vermelho caso não existam seres vivos dentro do veículo”. Confesso que me assustei já a imaginar o que se passaria ali que não se coadunasse com qualquer forma de vida, mas prontamente nos explicaram que o carro era parqueado…sozinho, com recurso a um elevador e a outras tantas tecnologias inovadoras que o colocavam no sítio certo, dispensando assim ter de andar a fazer manobras em espaços apertados. A recolha do veículo era depois feita da mesma forma automática tendo apenas que aguardar a entrega do carro pelo elevador. E foi assim que constatei que em pleno local histórico de Lisboa se continua a fazer história mas desta vez com a oferta de um parque de estacionamento que é o pioneiro nas mais modernas técnicas de estacionamento dispensando o ser humano, e ainda o único no país.

Mas as surpresas não acabavam por aqui. Uns metros à frente, eis que pela primeira vez reparo no nome de um largo bastante revelador de que o português tem, afinal, um sentido de humor bastante original, como podem comprovar pela foto.


Foto: www.olhares.aeiou.com


Por debaixo da placa toponímica está estrategicamente colocado um banco, ocupado na sua maioria por velhotes que ali se juntam para a conversa de entretém. Quem por ali passa e repara na placa, não pode deixar de esboçar um sorriso e mesmo a tirada de uma foto e os que por ali se sentam convivem pacificamente com estes olhares matreiros.

Para mim as cidades interessantes vivem destes contrastes, a presença do moderno sem eclipsar o genuíno.

domingo, 27 de julho de 2008

Mudanças

Tenho vivido dias cheios, repletos de estímulos que me preenchem os silêncios e me sustentam os pensamentos. As mudanças conduzem-nos a isto, a um esquecer de tantas coisas que nos rodeia para nos concentrarmos na transformação do curso da nossa vida.

E é impressionante constatar como os locais onde estamos ditam os nossos hábitos como se estes lhes pertencessem e não à nossa pessoa. De repente vi-me despojada de comportamentos que achava típicos em mim, para abraçar todo uma série de outros que até então me eram alheios mas que me vieram oferecer outras perspectivas. A sensação de vestir uma outra vivência.

Sabe bem sentir que ainda é possível controlar um pouco da nossa vida, orientando-a na direcção daquilo que sabemos que nos faz bem. Sabe bem sentir que por vezes as coisas ainda correm como as projectamos. Sabe bem sentir que vale a pena investir em nós.