quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Procuro-te...

Procuro-te tanto mas o trilho é tão longo e tão labiríntico que sinto que me vou perder.

Procuro-te tanto mas o caminho tem tantos sobressaltos que num ímpeto dou por mim a cair.

Anseio-te tanto que me sinto alienada do mundo, adulterada nos meus sonhos e transportando comigo uma coragem que tende a se esgotar.

Desejo-te tanto que me esqueço de mim e dos outros, preterindo quem me ama e fazendo da tua busca a minha finalidade.

Procuro-te, procuro-te tanto que dói, que não tolero a tua não existência, que desespero enquanto espero.

Mas será que realmente existes? Será que também estás à minha espera? Será que anseias tanto como eu?

Se ao menos chorar bastasse, se ao menos as lágrimas encurtassem o caminho, eu poderia sentir que diminuia a nossa distância.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Por essa Lisboa

Adoro passear pelos bairros típicos de Lisboa, adoro as ruas apertadas, a calçada portuguesa, o labirinto das vielas;

Adoro perder-me para encontrar pequenos tesouros, adoro o contraste da cidade cosmopolita com a simplicidade das suas gentes;

Adoro as casas, as roupas estendidas, as floreiras e os gatos à janela, adoro olhar e ver um postal ilustrado;

Adoro os nomes castiços das ruas, as escadas, os pátios e os miradouros, o olhar de quem placidamente observa;

Adoro usufruir durante a semana de uma Lisboa movimentada e agitada, para ao fim de semana relaxar com uma Lisboa serena.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Rir é o melhor remédio

Fui finalmente ver estes senhores e adorei. Para além de apreciadora do humor inusitado dos Monty Python, a peça reúne os melhores actores portugueses de comédia e foi traduzida e adaptada pelo Nuno Markl, de quem sou fã incondicional há já longos anos.

Com esta fórmula fantástica, e uma magnífica sala cheia, o resultado só poderia ser o de potentes gargalhadas. Recomendo vivamente, mais que não seja para sair de lá a trautear a célebre música do filme “A vida de Bryan”, no original “always look at the bright sight of life” e agora traduzida para a língua de Camões:

“Olha sempre para o lado fixe da vida, lala lalalalalala”

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Metáfora perfeita

A agitação do lado de fora, a chuva forte, o vento indomável, os relâmpagos que transportavam a luz do dia para oferecê-la à noite cerrada, os gritos dos trovões;

A calma do lado de dentro, a música chill out, o trautear baixinho e suave, a condução prudente;

Dois mundos auto-estrada fora e os dois mundos em mim.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Meu pensar

Penso, penso tanto que chega a doer
A doer aquela dor que na realidade não existe
Mas que ainda assim persiste

Penso, penso tanto que não controlo
Que me deixo dominar por aquilo que cogito
Mas ainda assim abafo o meu grito

Penso, penso tanto que me apetece fugir
E escapar aos vícios deste fiel pensamento
Mas ainda assim oprimo o lamento

Por isso me canso, de tanto pensar, de tanto correr
Numa corrida veloz em que permaneço parada
Mas que ainda assim me mantenho na estrada

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ouvir Estrelas

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Eu e os gatos

Dêem-me veterinários, vacinas, desparasitações
Dêem-me jarras partidas e tapetes mal estimados
Dêem-me caixotes de areia e pegadas nas bancadas
Dêem-me sofás forrados a pêlos e miados fora de horas
Dêem-me despertares antecipados e correrias pela casa
Dêem-me plantas mordidas e vasos atacados
Dêem-me arranhões nos braços e valentes teimosias

mas dêem-me um gato como amigo

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Efeito pavloviano


Gulosa como sou, este utensílio de cozinha é, para mim, uma verdadeira perdição. E foi por olhar para ele que um belo fim de semana cheio de Sol ficou ainda mais doce.

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