terça-feira, 26 de junho de 2007

Despertares e despertadores



Nunca gostei de acordar com despertadores (refiro-me àqueles tipo campainha). Acho que aquele ruído irritante que me interrompia inexoravelmente o sono me causou traumas. Por isso decidi que o meu cérebro merecia despertar com algo mais inspirador e bani estes objectos do meu quotidiano. Simultaneamente, o meu organismo desencadeou um mecanismo automático de despertar quase sempre coincidente com a hora exacta a que o pretendo fazer. Perfeito!

No entanto, por via das dúvidas programo sempre o rádio para tocar porque, não sendo este o principal motivo por que acordo, as músicas e a energia que quem trabalha na rádio já tem às 7h30m da manhã, são o necessário para a minha adrenalina ficar invejosa e ganhar a lábia suficiente para me convencer a levantar. Estratégia excelente sabendo de antemão que o desapego à cama é sempre um momento muito difícil e que requer muita coragem.

Mas o que eu gosto mesmo é de acordar com a Natureza, com a entrada dos primeiros raios de Sol e com o cantar dos passarinhos. A acumular a isto tenho sempre o meu gato que ao perceber que estou na fase de despertar entra em conluio com a Natureza e numa sinfonia, confesso que nem sempre harmoniosa, inicia o seu peditório por comida, e digo-vos que se há gato com capacidade de persuasão, é o meu.

Não sei se é por saber que aprecio estas coisas da Natureza que tenho agora uma amiga andorinha que se encheu de amizades com o meu parapeito da janela e resolveu oferecer-me pela madrugada (mas bem madrugada ainda) umas belas serenatas. Gosto imenso desta proximidade e deste despertador natural e personalizado mas apenas gostaria que ela não fosse tão madrugadora. É verdade que não se pode ter tudo mas será que a convenço a atrasar um pouco o início da sua cantoria? Secalhar vou tomar de empréstimo o poder de persuasão do meu gato, sempre pode ser que resulte.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Será?



Será que se eu pensar muito, muito, muito o meu corpo se materializa nestas maravilhosas águas? É que já precisava...

P.S. estas fotos não são para onde irei de férias mas onde gostaria de estar agora. Era bom que para isso bastasse pensar.


terça-feira, 5 de junho de 2007

Falar de felicidade

Não é nada fácil falar de felicidade. Para mim que não sou uma estudiosa do assunto, não tenho a eloquência do poeta, nem possuo a mente do filósofo, resta-me apenas a tentativa de projectar aqui palavras escritas oriundas do meu mais puro senso comum.

Creio que é mais fácil ser-se feliz quando se tem as necessidades e os desejos concretizados, quando se obtém aquilo que se quer ou quando se retira prazer de uma qualquer acção que se faz. Mas, para mim, este não é o verdadeiro desafio da felicidade. Esta é a felicidade garantida mas também com efemeridade assegurada. É sabido que o ser humano é insatisfeito por natureza e que após a satisfação de uma necessidade básica se direcciona para a satisfação de uma necessidade de nível superior e assim prossegue numa busca sem fim. Se a felicidade dependesse exclusivamente da satisfação de necessidades não poderiam existir pessoas satisfeitas que não fossem felizes nem pessoas felizes que não estivessem satisfeitas. A verdade é que a felicidade é mais exigente do que isso, para singrar faz-se valer da nossa actuação perante a vida.

Por isso, e excluindo obviamente a presença de acontecimentos tão trágicos em que seria, de todo impossível ficar-se feliz, a não ser que estivéssemos perante um caso de frieza patológica de sentimentos, possuo algumas crenças relativas à felicidade. Eu acredito que a felicidade não depende do acontecimento em si mas da atitude pessoal perante o acontecimento, eu acredito que a felicidade pode ser trabalhada e decidida, eu acredito que posso escolher ser feliz e acredito que é possível ser-se feliz na contrariedade, na frustração e na dificuldade.

Eu acredito que na felicidade podem haver momentos de tristeza, numa coexistência pacífica, desde que moderados por alguém disposto a ser feliz.

Mas também acredito que a predisposição para a felicidade tem de ser alimentada, pois não sobrevive à escassez daquele que é o alimento universal. Falo do amor, do amor em todas as suas formas, do amor dirigido aos outros e a si mesmo.

E por aqui me permito terminar esta prosa, defendendo com a eloquência que a minha escrita me permite:
não há felicidade sem amor nem podemos deixar que onde exista amor não haja lugar para a felicidade.