terça-feira, 21 de outubro de 2008

Música da minha geração


Eu até nem sou muito dada a saudosismos, nem sou especial fã das rádios que passam músicas de tempos idos, mas ouvir as canções do Carlos Paião, que eu ouvia nos anos 80, cantadas agora por várias bandas nacionais, tem feito as minhas delícias. No album de tributo ao cantor, há canções bem catitas onde o estilo original do seu autor foi guarnecido de uma sonoridade actual e adaptado ao estilo dos seus intérpretes. É claro que não gosto de todas da mesma forma, algumas versões estão para mim demasiado coladas ao som que lhes deu origem, mas outras há que me fazem cantar a plenos pulmões. Partilho aqui uma das que acho mais original.


Vinho do Porto - Donna Maria

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Outro lado de mim

O meu entusiasmo esquivo, de comportamento arredio, começa a dar passagem a alguns desejos, a algumas vontades.

Parte de mim desapareceu mas uma nova parte aflora a cada momento.
Sou agora outro lado de mim.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tristeza e alegria

"A alegria ou euforia é o encontro festivo com o outro. É o prazer da inundação do ser no abraço libidinal.E assim, definimos o investimento do objecto como um movimento da líbido para o outro, que, no seu percurso, investe o próprio. O prazer vem portanto da actividade de estar com... Nasce do exercício da relação libidinal. Por outras palavras: o investimento objectal acompanha-se de um investimento narcísico. É o estado amoroso.


A dor, a tristeza, é o deserto relacional. A ausência do outro para investir; o que reflexamente desinveste o próprio. É a hemorragia da líbido através da ruptura da relação. Rompido o sistema relacional Self-objecto, o indivíduo sangra e sofre.Perdido o objecto, não há apelo ao movimento libidinal. É então a queda da líbido, que, para não se esgotar na sangria da tristeza, abandona o Self e se refugia no Id (como a seiva das árvores, durante o Inverno: reflui para as raízes).Para não cair na apatia, na impotência e no desespero, pela certeza da irreversibilidade da perda e a possibilidade da construção imaginária de um novo alvo. E, deste modo, sair do investimento nostálgico do objecto perdido.


A elaboração da perda faz-se, assim, pela mentalização do desprazer.Fazer algo da dor: criar, pela invenção do imaginário, no espaço dolente da falta. Sonhar... enquanto não se pode realizar. Jamais desistir. Porque a "morte", essa, é "vazia; nem dor nem alegria".
Viver, apesar de... apesar da perda, apesar de tudo."



Excerto de um texto de António Coimbra de Matos in "A Depressão"