quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

É bom sentir os dias preenchidos ainda que pelo trabalho. O excesso de tarefas faz-nos saborear com maior plenitude as pausas e os momentos de ociosidade. Os pensamentos, dividem-se entre os muitos objectivos e planos de trabalho e os sonhos que nunca me abandonam.

Encontro-me numa fase em que os dias são intensos pelo seu nível de exigência mas simultaneamente compensadores por permitirem que um preâmbulo seja vivido com maior leveza.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Lua

Hoje no meu caminho enamorei-me pela Lua. Lá estava ela dando luz à minha viagem e deslumbrando o meu olhar.

Sou fiel no amor que lhe tenho mas hoje, adornada com um manto de tule, surpreendeu-me ainda mais pela sua beleza.

Gosto de coisas assim, ainda que tapadas, ainda que sem se mostraram em todo o seu esplendor, não deixam nada nem ninguém indiferente. Gosto de tudo aquilo que fascina sem ter de revelar os seus segredos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Mundos

Deve acontecer com a maioria das pessoas mas sinto muitas vezes que a minha vida se divide em vários mundos, cada um deles habitado por certas pessoas e confinados a determinados locais. O mundo do trabalho, o mundo do lazer, são povoados, na sua maioria, por pessoas distintas e em locais claramente diferenciados. Na verdade esta situação não tem nada de original mas o que é certo é que habituou o meu cérebro a uma determinada formatação.

Ora há uns tempos sai do trabalho e fui direitinha ao IKEA. Não me recordo se ia com compras em vista ou se ia apenas com o intuito de ter um momento só meu infiltrada no meio de uma mol de objectos decorativos. Também para o caso pouco interessa, porque o importante é que mal lá cheguei entrei naquele autismo típico de quem anda às compras e só tem olhos para as prateleiras e mãos para pegar em tudo o que lhe apetece e pôr, ou não, no saco. Estava eu num destes momentos de puro deleite, a observar cuidadosamente um qualquer objecto pelo qual me enamorei, quando ouço um “Olá” seguido do meu nome. Apesar de fortemente concentrada na minha tarefa, a audição do nome que me caracteriza afastou-me do prazer mundano a que me dedicava e fez-me olhar para o lado. Já um pouco frustrada por esta interrupção abrupta, reparo que quem me chama não é uma pessoa amiga ou conhecida pertencente ao mundo do lazer mas sim uma pessoa do mundo do trabalho. Para o meu cérebro esta conjugação IKEA-trabalho causa alguma dissonância e portanto fez imediatamente questão de a eliminar dando-me como reacção tratar essa pessoa por tu (algo que não acontecia), como que para implicitamente a alertar da informalidade do nosso encontro. No entanto, a outra pessoa, que concerteza teria um cérebro menos dado a estas esquisitices, não fez por menos e ignorando qualquer assunto que se pudesse relacionar com o local onde estávamos, tratou de me abordar única e exclusivamente, e pior ainda de forma persistente, com temas dedicados ao trabalho.
Com tudo isto não sei quem é que é pior, se eu com estas dissonâncias entre mundos se a outra pessoa com um mundo só.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Este blog fez recentemente 2 anos e por isso apeteceu-me falar dele. É claro que este canto é e será sempre uma continuidade da minha pessoa mas gosto de pensar nele como um local autónomo e desprendido da minha vida real.

Para mim o processo de escrever é algo muito intimista, um processo de enamoramento por cada palavra. Quando criei este blog não quis de todo que fosse um blog de escrita rápida, onde simplesmente depositasse fragmentos do meu pensamento. Quis antes que estas minhas projecções mentais passassem por um filtro de malha fina e que fossem embebidas de algum conteúdo metafórico e, porventura, de alguma poesia. Não encarem isto como pretensiosismo, mas antes como uma forma de terapia. O floreado na escrita apazigua-me pois parece que quase inerentemente embeleza os acontecimentos nela relatados, conciliando as adversidades da vida com o seu lado poético. Abordar desta forma os meus momentos e os meus aromas tem funcionado para mim como um aconchego e um confronto com um lado (mais) belo da vida.
A dureza dos acontecimentos e a frieza de alguns momentos tenho-as na vida real. Neste mundo virtual quero ter a magia, quero ter os meus próprios conceitos, quero enaltecer as figuras de estilo, quero ornamentos onde existe o vazio, quero voar... de aroma em aroma

domingo, 6 de janeiro de 2008

Tempo de novo ano

Ao tentar escrever o meu primeiro post de 2008 veio-me à memória uma pergunta de um teste da escola primária em que a professora nos pedia para colocarmos em numeração romana o número de anos que faltava para o ano 2000, a minha resposta foi XVII.

Estávamos portanto em 1983 e o ano 2000 afigurava-se tão distante que dificilmente me conseguia imaginar a mim e ao mundo por essa altura (ainda que por essa época fosse fortemente influenciada pelo “Espaço de 1999” e achasse que o estilo de vida na mudança de milénio passaria por vivermos em naves e vestirmos fatos colados ao corpo).
Hoje, já passaram mais 8 anos para além do ano 2000, já abandonei há uns anos os bancos da escola, projecto a minha escrita não em cadernos mas num blog, sinal da evolução tecnológica, e os números romanos já não constituem novidade para mim.
É incrível como a noção do tempo é tão paradoxal que a sua objectividade não impede que a sua percepção seja subjectiva. Tem 25 anos este acontecimento que me parece que foi ontem. Têm meses alguns acontecimentos que me parecem ter sido noutra vida. O tempo é assim mesmo, veloz a uma velocidade constante, volátil na sua estabilidade.
E chegado o ano 2008, reinicia-se um novo ciclo mas não se reiniciam desejos nem sonhos. Os meus aromas preferidos permanecem os mesmos mas espero conseguir reinventar novas formas de os descobrir, fazendo do nosso encontro um momento tão bom que mesmo no passado resista à erosão do tempo.