É sempre bom lembrarQue um copo vazioEstá cheio de arÉ sempre bom lembrarQue o ar sombrio de um rostoEstá cheio de um ar vazioVazio daquilo que no ar do copoOcupa um lugarÉ sempre bom lembrarGuardar de corQue o ar vazio de um rosto sombrioEstá cheio de dorÉ sempre bom lembrarQue um copo vazioEstá cheio de arQue o ar no copo ocupa o lugar do vinhoQue o vinho busca ocupar o lugar da dorQue a dor ocupa a metade da verdadeA verdadeira natureza interiorUma metade cheia, uma metade vaziaUma metade tristeza, uma metade alegriaA magia da verdade inteira, todo poderoso amorA magia da verdade inteira, todo poderoso amorÉ sempre bom lembrarQue um copo vazioEstá cheio de arGilberto GilEscolhi estas palavras como etiqueta do meu estado de alma. Se por um lado me sinto como um copo vazio, cujo ar ocupa o lugar daquilo que perdi, por outro lado sei que a dor que emana desse vazio é apenas metade da minha essência, que apenas se vê completa com o aconchego de uma outra metade, mais alegre e optimista.
Estas palavras também demonstram que mesmo no vazio mais evidente, existe algo que o preenche, ainda que esse algo seja invisível, ainda que esse algo seja demasiado subtil, ainda que para o conhecermos seja preciso ver e não apenas olhar.
A pouco e pouco vou tornando este ar que preenche o meu vazio mais palpável, mais evidente, mais aromático. Vou abandonando a minha miopia e vou-me permitindo ver que tenho muito para encher este copo.
Oxalá um dia o transborde!