Durante muito tempo fui a mais nova no meu trabalho. Se por um lado era por vezes difícil mostrar a terceiros que a idade nem sempre é sinónima de experiência, o estatuto de caçula dava-me algum gozo, aquele sentimento de protegida que inconscientemente nos sabe bem.
Pois bem, já há algum tempo que esse papel deixou de ser meu. Longe de ser a mais velha, já tenho quem trabalhe comigo e tenha nascido nos anos 80 o que, parecendo que não, me dá um certo peso à idade, equivalente a quando me chamam de "Dona" e acto instantâneo me vejo com mais 20 anos em cima.
Mas acho mesmo que atingimos a maturidade quando alguns acontecimentos que nos lembramos muitíssimo bem (daqueles que fazem uso à expressão: "lembro-me como se fossem ontem!") já aconteceram há mais de 20 anos. Quando pela primeira vez me apercebi deste facto fiquei um pouco agastada, é que 20 anos são duas décadas, são 7300 dias mais uns quantos milhares de horas. Convenhamos que é muito tempo.
Um desses momentos de agastamento surgiu há pouco tempo quando vi ou ouvi que a música “We are the world” (aquela sobejamente conhecida que juntava músicos tão distintos como Michael Jackson, Bruce Springsteen, Cindy Lauper, Stevie Wonder, entre muito outros, e que hoje em dia está praticamente reservada a sessões de karaoke) comemorou os seus 24 anos.
Tive imediatamente um flash-back, não sem antes colocar a minha melhor expressão boquiaberta perante esta efeméride, ao relembrar-me quantas vezes eu cantei essa música em versão repeat, tentando imitar as várias vozes dos seus intérpretes. Bolas estas tardes de desafinação já foram há 24 anos???? Será que os meus vizinhos se lembram tão bem delas quanto eu?
O que espero é que daqui a 24 anos esteja a recordar algo idêntico, como por exemplo os decibéis que emito enquanto conduzo ao som dos "Buraka Som Sistema". Pelo menos aí não há vizinhos, só se as queixas vierem das cordas vocais!
2 comentários:
E essas situações estão a acontecer cada vez com maior frequência...
;)
Beijinho
A quem o dizes...também me lembro tão bem de cantar essa musica com uma chave de fendas do meu pai na mão a servir de microfone...pois...eles vão passando por nós, mas é bom sinal.
Bj grande
Ssuana
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