"A alegria ou euforia é o encontro festivo com o outro. É o prazer da inundação do ser no abraço libidinal.E assim, definimos o investimento do objecto como um movimento da líbido para o outro, que, no seu percurso, investe o próprio. O prazer vem portanto da actividade de estar com... Nasce do exercício da relação libidinal. Por outras palavras: o investimento objectal acompanha-se de um investimento narcísico. É o estado amoroso.
A dor, a tristeza, é o deserto relacional. A ausência do outro para investir; o que reflexamente desinveste o próprio. É a hemorragia da líbido através da ruptura da relação. Rompido o sistema relacional Self-objecto, o indivíduo sangra e sofre.Perdido o objecto, não há apelo ao movimento libidinal. É então a queda da líbido, que, para não se esgotar na sangria da tristeza, abandona o Self e se refugia no Id (como a seiva das árvores, durante o Inverno: reflui para as raízes).Para não cair na apatia, na impotência e no desespero, pela certeza da irreversibilidade da perda e a possibilidade da construção imaginária de um novo alvo. E, deste modo, sair do investimento nostálgico do objecto perdido.
A elaboração da perda faz-se, assim, pela mentalização do desprazer.Fazer algo da dor: criar, pela invenção do imaginário, no espaço dolente da falta. Sonhar... enquanto não se pode realizar. Jamais desistir. Porque a "morte", essa, é "vazia; nem dor nem alegria".
Viver, apesar de... apesar da perda, apesar de tudo."
Excerto de um texto de António Coimbra de Matos in "A Depressão"
5 comentários:
Viver...um dia de cada vez. Parar quando a dor aperta, para respirar fundo e ganhar coragem para continuar a respirar.
Sim, é o deserto relacional que nos derruba, a impossibilidade de reverter a realidade, essa mesma realidade que magoa e não queremos relembrar. Há que continuar a percorrer o deserto...pelo caminho voltarás a colher flores...
Um grande beijinho, minha doce Amora.
Nós vamos buscar forças onde nem sabermos existirem.
Força amiguita, faz como dizes, procura algo que te faça sentir melhor, sorrir dentro do possivel.
Um bj grande no teu coração lindo
Susana
Escolheste um texto bastante claro, gráfico e, creio, ilustrativo do momento que vives :(
Muita força! Muita coragem! Há-de chegar um dia em que a irreversibilidade da perda causará menos dor e dará espaço às boas recordações.
Gostava de ter uma forma de te aliviar o coração. Perante esta evidente incapacidade, deixo-te um abraço apertado e o meu carinho.
Fica aqui mais um pouco de carinho, Também "eu gosto de ti como daqui à lua"
Jinhos grandes,
Elsa
Trago-te o meu carinho e um abraço apertado, muito apertadinho!
Força!
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