quinta-feira, 28 de maio de 2009

A verdade que dói

Vou no carro e conduzo de forma serena, completamente absorvida pelo realidade das ruas, pelo Sol que faz antever um dia deliciosamente quente, pela música que sai do leitor de CDs em decibéis elevados. Sinto-me bem, sinto-me repleta daquela satisfação interior que tanto gosto de sentir. Canto ao som de uma música que adoro, orquestrada por uma banda portuguesa de música tão electrónica quanto sensual, sorrio e deixo que os sons me levem numa espécie de piloto automático até ao meu destino.

De repente, tão rápido quanto um pensamento pode ser, lembro-me que já não existes.
E o Sol acinzenta-se.
E a música entristece.
E o sorriso desaparece.
E os olhos humedecem.
E a condução ressente-se.
E a alma reclama. Mais alto do que a música.
Já não são sons harmónicos os que ouço mas os gritos de uma alma que chora.
E as lágrimas ganham vida e uma vontade própria.
E a mágoa ajeita-se e ganha a forma de um gigante.

E eu chego ao meu destino.

Desligo o carro, a música silencia-se, a ausência de som traz-me de volta devolvendo-me a um estado de controlo, olho-me ao espelho e limpo as lágrimas. Entro no trabalho, sorrio com quem me cruzo, falo com outros e exijo à serenidade que me faça novamente companhia.

São momentos em que tudo muda, tudo se altera.
Tudo não.
Hajam lágrimas ou sorrisos,
Hajam músicas ou silêncios,
Hajam gritos revoltados ou pensamentos resignados
tu já não voltas.
E esta é a verdade que dói.

domingo, 3 de maio de 2009

Sol




Queria tanto que este Sol me aquecesse perpetuamente.
Sentir este rubor cor de papoila nas faces durante uma eternidade.
Sentir o corpo quente e a alma a escaldar.
Gostava de ter comigo o Sol real e o Sol metafórico.
Ter luz, calor, vida,
Queria guardar o Sol em mim